Amar-vos sem sonhar breve esperança
de na fuga dos dias vos reter
- eis, Dama, cujo desamor não cansa,
meu cego modo natural de ser.
Dobrado à vossa face de esquivança,
volvendo acre pesar em vão prazer,
de si não tem nenhuma segurança
quem vos quer sem querer e por querer.
Sou afligido barco de naufrágios,
cheio de estrelas, de corais e rosas;
deste impossível no impassível mar
soçobrarei, levando estes presságios,
esta carga, estas velas já saudosas
da loucura do inútil navegar.
Abgar Renault
in Obra poética – l.990 -
Nenhum comentário:
Postar um comentário