quarta-feira, 26 de maio de 2010

MANHÃ

Silenciosa manhã ! A minha estrada,
prevendo longe tanto céu desperto,
acorda a linha dúbia do deserto
e embarca na distância iluminada.

De entressonhar o teu fulgor tão perto,
recompõe-se partida badalada
e enganoso esplendor de tudo ou nada
ilude gasto calendário aberto.

O desejoso chão de águas chorosas,
este ar, a cor de dúvida das rosas
esperam com seu canto retardio

a chegada sem voz do teu minuto,
teu sorrir, tua luz, teu verde fruto
e o jamais do teu fúlgido navio.


Abgar Renault
Obra Poética – 1.990 -

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