Silenciosa manhã ! A minha estrada,
prevendo longe tanto céu desperto,
acorda a linha dúbia do deserto
e embarca na distância iluminada.
De entressonhar o teu fulgor tão perto,
recompõe-se partida badalada
e enganoso esplendor de tudo ou nada
ilude gasto calendário aberto.
O desejoso chão de águas chorosas,
este ar, a cor de dúvida das rosas
esperam com seu canto retardio
a chegada sem voz do teu minuto,
teu sorrir, tua luz, teu verde fruto
e o jamais do teu fúlgido navio.
Abgar Renault
Obra Poética – 1.990 -
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