Era nítida a hora e, nela ocultos,
ninhos arfavam sufocados:
não ouviste os afligidos pássaros,
não colheste a flor pendente que se fingia esquiva.
E, todavia, aquela foi a hora, a única, a só;
não retornará no teu quadrante já em sol.
Quebra os pulsos, morde a língua, rompe os lábios
e pede ao primeiro passante que te enterre vivo
sob a cinza da hora que deixaste passar,
da hora diante de cujos umbrais recuaste,
-a clara porta escancarada em fior.
Abgar Renault
In: Obra Poética
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