Quando o teu sol de luar de ti se esquece,
e seus raios, ausentes, se consomem
sobre o pesar, a nódoa, o abismo e a prece
da minha obscura circunstância de homem;
ou quando a sombra do teu dedo cobre
a minha estrada e a minha sede antigas,
e o teu rumor lava o meu mundo pobre,
com arco-íris, ovelhas e cantigas;
ou, no ar, a tua forma transeunte
relâmpagos escreve, e frutos, e ondas,
não sei o que suplique, nem pergunte,
e bebo o escuro do silêncio aberto,
por temer, ó manhã, que me respondas
tua escada de fogo e o meu deserto.
Abgar Renault
Obra Poética – 1.990 -
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