terça-feira, 2 de novembro de 2010

PAUSA



Uma estrela, tão bela! E a margarida
na cerca eflorescente, e os jardins,
e o segredo do início, e a dor dos fins,
e a vida, e a vida, sobretudo a vida ...
E a vertigem do som, despenhadeiro
onde aladas manhãs mal se projetam
e as vagas tardes espraiam-se e inquietam
a alma, e vem de tudo um espinheiro
e ao mesmo tempo a paz indefinível
que cai sobre o silêncio do ser triste
e o que acaso existe ou não existe
como um ardor de brasa inconsumível,
e a esperança mais alta e de tal sorte
perseguida, e o sol cálido e a luz serena
da noite, e a estranha paz que longe acena ...
— Pousa, por sobre tudo, a asa da morte.


Alphonsus de Guimaraens Filho

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