Nenhuma estrela havia, em seu olhar.
Um silêncio noturno mal rondava
O muro esmuguecido do pomar,
Cujo fruto sua alma alimentava.
À noite era, porém, linda e presente,
Coberta a lua por escura fronha,
Era a noite do tempo inexistente,
A noite, que consola o mal, que sonha.
Mesmo assim cobrava-se de morte.
Um olhar negro é duplo e, se empoçado
Em funda sensação, encerra a sorte
De um outro olhar no olhar cio próprio fado.
Nenhuma estrela havia. Havia Orfeu,
Lembrando-se da amada que morreu.
Ives Gandra
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