quarta-feira, 27 de outubro de 2010

SONETO


Era preciso que um de nós partisse,
pois nosso amor perdeu o encanto, a graça;
talvez, se morto está, nunca renasça,
nem nunca mais te diga o que te disse.

Ébrios de amor, esgotamos a taça,
sem crer que tanto amor se consumisse.
E como, enfim, mais nada nos unisse,
desmanchou-se o castelo de fumaça.

Depois o adeus – tão rápido, indeciso –
deu-me a impressão de termos sido expulsos
do encantado jardim do Paraíso. . .

Foste, eu fiquei. E aqui, ainda desejo
aos grilhões desse amor prender meus pulsos,
beijar de novo teu primeiro beijo.


Colombo de Sousa
In: Estágio 1964

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