segunda-feira, 25 de outubro de 2010
Não, não é uma série de pontos de exclamação
-é uma avenida de álamos...
E o quê, e para quem, clamariam então?!
Deserta está a cidade.
Todas as avenidas, todas as ruas, todas as estradas, atônitas
se perguntam se vêm ou se vão...
Em nada lhes poderiam servir esses postes de quilometragem:
estão apenas desenhados, como um mapa.
Ah, se houvesse uns passos, ainda que fossem solitários...
Se houvesse alguém andando sozinho... e bastava! São os passos
-são os passos que fazem os caminhos.
Deserta está a cidade.
Se houvesse alguém andando sozinho
-para ele se acenderiam então, como um olhar, todas as cores!
Porque a cidade está cega, também.
O que não é visto por ninguém
não se sabe a cor e o aspecto que tem.
A cidade está cega e parada com a descor de um morto.
Porque tudo aquilo que jamais é visto
-não existe...
Mário Quintana
In: Esconderijos do Tempo
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