segunda-feira, 25 de outubro de 2010

POEMA EM TRÊS MOVIMENTOS



I

Nossos gestos eram simples e transcendentais.
Não dissemos nada
nada de mais...
Mas a tarde ficou transfigurada
-como se Deus houvesse mudado
imperceptivelmente
um invisível cenário.


II

Eu te amo tanto que
sou capaz de nos atirarmos os dois na cratera do Fuji-Yama!
Mas, aqui,
o amor é um barato romance pornô esquecido em cima da cama
depois que cada um partiu – sem saionara nem nada –
por uma porta diferente.


III

E em que mundo? em que outro mundo vim parar,
que nada reconheço?
Agora, a tua voz nas minhas veias corre...
o teu olhar imensamente verde ilumina o meu quarto.



Mário Quintana
In: Esconderijos do Tempo

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