quarta-feira, 27 de outubro de 2010

2. SONETO DA ESPERA INÚTIL



No outro lado de mim mora a criança,
neste lado onde estou é noite fria:
-lancei mão dos pincéis da fantasia
para tornar real minha esperança,


pintar meu ser com as cores da alegria;
então achei a minha semelhança
no menino que fui, não na lembrança
do mundo que perdi e onde vivia.

Se o sonho andei, cruzei meu labirinto
na modelagem abstrata do poema,
virgens manhãs bebi no extinto lago;

e a dor que não senti agora sinto
na amarga solidão, no amargo tema
em que ontem naveguei e hoje naufrago.

Colombo de Sousa
In: Antologia Poética

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