A minha dor além de mim me espera,
emboscada na curva do caminho;
tem encantos de rosa, sendo o espinho
que meu corpo e minh’alma dilacera;
talvez quando chegar a primavera
a dor invente o amor, pinte um carinho,
transformando o refúgio onde me aninho
no castelo encantado da quimera;
e a dor navega o mar onde navego
por terra e gente, madrugada e noite,
sempre comigo; a minha dor carrego
para animar o mundo que componho
e ver liberto do alçapão da noite
(já feito poema) o pássaro do sonho.
Colombo de Sousa
In: Antologia Poética
Nenhum comentário:
Postar um comentário