terça-feira, 27 de abril de 2010

Saudade Minha

Minha saudade as cousas transfigura
num estranho delírio semelhante
ao desse eterno cavaleiro-andante
paladino do sonho e da loucura:

minha saudade é fonte que murmura
e em seu cantar humilde e marulhante
mata a sede que abrasa o caminhante
só de o embalar na líquida ternura...

Minha saudade os mundos alumia
os mortos ressuscita e é um sol-nascente
dourando ainda as trevas da agonia;

minha saudade é a força misteriosa
que torna cada cousa em mim presente
e a minha dor presente em cada cousa.


Anrique Paço D’Arcos

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