terça-feira, 27 de abril de 2010

ELEGIA DA NOITE

A noite cheia de astros encantados,
Cinza do sol caindo sobre o mar ...
A noite, a noite negra, olhos fechados
De Deus que adormeceu para sonhar.

Noite estendendo as asas pela altura,
Águia negra pairando em todo o além,
Véu de noiva que abriu em sepultura,
Berço do sol e seu caixão também.

Fogueira estranha enchendo o firmamento,
Em negras labaredas tumultua,
Como se a densa treva num momento
Tornasse negra a própria luz da lua.

A noite, a noite triste e tenebrosa,
Eco de luz, sombra talvez de um grito ...
E lembra assim, tão negra e misteriosa,
A minha alma errando no Infinito ...


Anrique Paço D’Arcos
in Poesias Completas

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