quinta-feira, 17 de junho de 2010

A VERDADE DO OUTRO

Eu já posso dormir do lado esquerdo
Que o velho coração não pulsa tanto
Nem mais ressoa tanto no meu peito
Que me obrigue a dormir do outro lado.

À medida que os anos vão passando
Compreendemos a força da igualdade
Sem saber se esta ou aquela a porta
Que vai tornar possível nosso encontro.

Ensimesmar-se é descobrir o outro
Embora sem com ele se encontrar
Como as ondas que rolam sobre o mar.

No mar da vida as ondas se sucedem
E todas elas são o mesmo oceano
Como as contradições do ser humano.

Miguel Reale
in 'Sonetos da verdade'

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