quinta-feira, 17 de junho de 2010

P O L A R I D A D E

Do ingênuo ao trágico,
da confiança luminosa
às penumbras da melancolia
meu ser se polariza,
se adelgaça
e ranasce e se esvai.


Hoje a fruir os momentos que passam
com a jovial segurança
de um Senhor de Florença;
frio amanhã, soturno, ensimesmado,
a recolher migalhas do passado
sem fé, sem esperança,
na angustia de quem pensa
que é pensando que a vida se oferece,
rosa confiante se entregando ao sol.


Polaridade do existir, polaridade do pensar,
revolto mar da vida,
vida no revolto mar.

Miguel Reale
In: Poemas do Amor e do Tempo

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