Apago a luz e a sombra que se forma
Não me livra da luz que se apagou,
Uma insônia rebelde me persiste
Em desamor à sombra pela sombra.
O sono é forma de viver morrendo
E um ensaio que alimenta a vida,
A nossa morte humilde e cotidiana,
Na horizontalidade dos segundos.
A verdade do sono é um talismã
Que nos devolve, insensivelmente,
Ao mistério da planta e da semente.
Talvez seja esta a única vereda
Que nos conduz ao âmago do ser:
Ensimesmar-se para compreender.
Miguel Reale
in 'Sonetos da verdade'
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