quinta-feira, 17 de junho de 2010

O SONO

Apago a luz e a sombra que se forma
Não me livra da luz que se apagou,
Uma insônia rebelde me persiste
Em desamor à sombra pela sombra.

O sono é forma de viver morrendo
E um ensaio que alimenta a vida,
A nossa morte humilde e cotidiana,
Na horizontalidade dos segundos.

A verdade do sono é um talismã
Que nos devolve, insensivelmente,
Ao mistério da planta e da semente.

Talvez seja esta a única vereda
Que nos conduz ao âmago do ser:
Ensimesmar-se para compreender.

Miguel Reale
in 'Sonetos da verdade'

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