Na tormenta que ronda a catedral
Como um contestador que o seu juízo
Mói e remói, é um bálsamo , afinal,
Ser-se atraído pelo teu sorriso:
Anjo ridente, amável monumento,
Com uma boca de cem bocas:não
Te ocorre vislumbrar por um momento
O quanto as nossas horas já se vão
Do teu relógio, onde a soma do dia
É sempre igual, em nítida harmonia,
Como se as nossas horas fossem plenas.
Pétreo, como saber das nossas penas?
Acaso teu sorriso é mais risonho
À noite, quando expões a pedra em sonho?
Rainer Maria Rilke,
Tradução: Augusto de Campos
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