segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Pórtico



Olha a vida sereno e indiferente
sem mágoa, sem rancor e sem tristeza.
Põe sempre no sorriso permanente
o teu mais lindo sonho de beleza.

Alfredo Cumplido de Sant’Anna
in Poemas e Legendas

domingo, 10 de janeiro de 2010

Isento



Mira-te pelo calendário das flores
Que são só viço e esquecimento.
Desprende-te dos ofícios do dia,
Apaga os números, os anos e anos,
Releva a data de teu nascimento.
E assim, por tão leve sendo,
Por tão de ti isento,
De uma quase resistência de pluma,
Abraça o momento,
Toma por bagagem os sonhos
E apanha carona no vento.


Fernando Campanella
(Poema em homenagem pelo aniversário
de minha amiga Maria Madalena-18-04-2008)

domingo, 3 de janeiro de 2010

'O Céu e o Ninho'



És ao mesmo tempo o céu e o ninho.

Meu belo amigo, aqui no ninho,
o teu amor prende a alma
com mil cores,
cores e músicas.

Chega a manhã,
trazendo na mão a cesta de oiro,
com a grinalda da formosura,
para coroar a terra em silêncio!

Chega a noite pelas veredas não andadas
dos prados solitários,
já abandonados pelos rebanhos!
Traz, na sua bilha de oiro,
a fresca bebida da paz,
recolhida
no mar ocidental do descanso.

Mas onde o céu infinito se abre,
para que a alma possa voar,
reina a branca claridade imaculada.
Ali não há dia nem noite,
nem forma, nem cor,
nem sequer nunca, nunca,
uma palavra!


Rabindranath Tagore,
in "O Coração da Primavera"
(Tradução de Manuel Simões)